O Reino Absoluto

Eu tenho um medo guardado nos ossos

Bem lá, quase no fim do meu mundo

Lá onde as coisas são quase parábolas

E o sol imenso ilumina dias inteiros

Há em mim algumas terras longínquas

Onde os pássaros não conhecem gaiolas

Onde os joãozinhos brincam descalços

Onde a fé não necessita de pastores

Todos os dias me fazem acordar ali

E as conversas prolongadas comigo mesmo

Já me atentam para como vai ser o entardecer

E as molezas da carne se deitarão na rede

Eu tenho mais que um medo, tenho dois

Coisa triste é ser solitário, desmatado

Bom é ter gente pra desconversar

Arar o vento, pegar folha, caçar mistérios

E meu olhar já não tão moço, passeia

Porque o mundo é um lugar para passeios

É um lugar onde os diferentes se atraem

Liberdade é isso desconhecer o outro

Todos os dias conhecemos nós mesmos

E no espelho da manhã nossa face mais íntima

Teçamos nossas palavras fio a fio, novelo macio

Pois somos nosso reino absoluto

Milton Oliveira

Junho/2015

milton antonios
Enviado por milton antonios em 09/08/2016
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