O VINHO

Naquela noite mágica
escolhemos, de comum acordo,
um vinho.
Dionísio e Príapo serviram-no
em nossas taças.
Degustamos cada gota,
como é devido a dois apaixonados.
Invertendo a lógica humana,
harmonizamos o jantar
ao vinho.
Disfarçamos o prazer
de estarmos juntos
com conversas banais
que estruturam o tempo.
O vinho nos levou prá casa
e para o amanhecer de Baco.
Tempos depois
pudemos compreender
que quem, realmente,
escolheu o vinho,
foram Psiquê e Eros
e que, de nós, o que restou,
foi Hedonê.