Borandá
Borandá,
expressão daquele que sai,
bora anda,
É assim que o migrante sai
sai borandá
a procura de vida melhor
Sai assim...
pelo mundo que nem sabe
mas é teu
É teu mundo
Para o migrante
o mundo é o quintal
da sua alma
Uma alma que peleja
por essa vida sofrida, medonha;
uma vida borandá
O migrante tá sempre de chegada
e que já é partida
ele não sossega, borandá é sua sina
Deixa na terra natal
as marcas dos pés indicando o caminho;
borandá, diz para cada um que encontra
na estrada da vida
Um feijão com farinha aqui,
uma rede ali,
o migrante é esse sujeito
em tudo forte e saudoso
É verdade que sai da terra natal por precisão
É verdade que deixa mãe e pai, com dor no coração
Mas a vida é lida sem dó;
borandá é preciso
Chegado na cidade grande,
deslumbra-se com tamanha giganteza
Prédios, carros e trêns
Vixi! que coisa medonha, pensa
E o tempo vai passando;
borandá já nem diz mais
Esqueceu que borandá é sua sina
Aqui fez família, não precisa mais borandá
E vem a saudade, o cheiro da terra
Saudade dum segredo guardado
E pensa em vortá
Ver pai, ver mãe
Borandá,
lhe diz a alma inquieta
E ele vai
vai borandá, boradando
chegando ou partindo,
assim,
por esse mundo,
sempre em busca, em sonhos, esperanças
Borandá?