CANTO DE DENTRO
 
Ando pelos dias numa rotina cada vez mais automatizada
Quase que não sei falar da pessoa estranha que me tornei.
As coisas que sinto, nascem maquinalmente sem comando
Como descem as águas dos rios no curso em suas vertentes.
Elas seguem sempre em frente, seguindo a força da corrente.
Assim aconteceu desde que conheci tua silenciosa presença
Encantando meu espirito de uma certa forma já tão descrente.
 
Internamente vejo-me num labirinto, entre sentidos e desejos,
Envoltos em reticências quase sempre de outras influênicas
Acumuladas pelas autoridades que nos foram herdadas...
E alguns valores são verdades erronemente condensadas.
Sendo assim, como saber o que é o amor e aonde nos levará
Quão força ele terá dentro de tantos limites improváveis?
Quando não se encontram fórmulas, nem substância alguma.
 
Viver é um imperativo categórico, cheio de inprevisibilidade,
E o amor na fase madura, vem envolvido de alquimia diferente
Não se precisa provar nada para o corpo, para os hormônios,
Importa mais o substancial que se condensou na experiência.
A afetividade, a animalidade, a sexualidade ou o consciencial,
São efetivamente cheios de vivências que criam tendências,
Influenciando junto a herança genética, a trama da fase adulta.
 
Nossos olhos nem sequer se aprofundaram em nossos abismos
Mas o nosso som fez nossas almas deter-se uma diante da outra
Foi nesse abismo de ser, indivisivelmente paralizados no tempo
Que não conseguimos mergulhar e suavizar nossa experiência.
Talvez por medo de nos discobrirmos tão humanos quanto somos
Pois caminhando paralelos assim, nossos limites não se revelam
Aqui onde os sonhos se tecem e as fantasias se fustigam cálidas.
 
A paixão exige juntar-se em forças para criar sua própria história
Como águas que se juntam e se avolumam para cair em cachoeira
Formando chuvas orográficas, relâmpagos, trovões, inundações
Seguindo os reclames de sua força interna, outorgada à natureza.
Ela, é divisa da vontade imperativa dos instintos sob o comando
De uma decisão interna que reage, que atente pela vontade bruta
Que moveu o curso da humanidade em toda sua rota histórica.

O amor com toda sua excelência não exige nada, apenas resiste,
Corre junto ou corre paralelo, separado, não importando o curso.
Ele nada enseja, nada espera, mas nem por isso deixa de ser forte
Nem de a qualquer momento tranformar-se em nuvens volumosas
Caindo em chuvas torrentes trazendo à terra fartura e abundância,
Ou simplesmente pode seguir infinito a fora sem nunca ousar parar
Contínuo rio calmo, percurso linear, obedecendo seu próprio  leito. 
 
E quase tudo na natureza segue no compasso de forças estranhas
Nós em particular - humanos -, temos o controle de nossos passos
Mesmo obedecendo ao império da nossa razão e da sensibilidade.
Podemos decidir em abraçar, ou em seguir segundo a nossa vontade
Nem sei qual será o desenrolar desse nosso encontro de sentimentos
Se ficará a mercê de um simples sonho cogitado no campo da poesia
Ou se formara em cadeias, amor verdadeiro, forte, encanto e magia!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 06/08/2016
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