Tanto
Qualquer tanto de mim
Tem um canto livre, um silêncio de séculos
Um copo de mar, um vazio imenso
Qualquer monte de mim
Tem lá seus verdes-olivas, capim santo
Uma árvore pousada sobre a estrada
Qualquer parte de mim
Tem riso de loucura, um corredor de miudezas
Uma sala sempre sem visitas
Qualquer abismo em mim
Possui suas pedras de tempos outros
Uma espécie em extinção
Qualquer estação em mim
Há chuvas em finais de tarde, rios secos
Um tanto de outono e um úmido ao redor dos olhos
Qualquer segredo em mim
Tem o passado do ontem e o que há por vir
E umas folhas caídas de uma oliveira
Milton Oliveira
Julho/2015