Tanto

Qualquer tanto de mim

Tem um canto livre, um silêncio de séculos

Um copo de mar, um vazio imenso

Qualquer monte de mim

Tem lá seus verdes-olivas, capim santo

Uma árvore pousada sobre a estrada

Qualquer parte de mim

Tem riso de loucura, um corredor de miudezas

Uma sala sempre sem visitas

Qualquer abismo em mim

Possui suas pedras de tempos outros

Uma espécie em extinção

Qualquer estação em mim

Há chuvas em finais de tarde, rios secos

Um tanto de outono e um úmido ao redor dos olhos

Qualquer segredo em mim

Tem o passado do ontem e o que há por vir

E umas folhas caídas de uma oliveira

Milton Oliveira

Julho/2015

milton antonios
Enviado por milton antonios em 05/08/2016
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