a vida mesma
Aberto o coração
Da pedra
A vida lhe infiltra
Como uma dor
Insidiosa
Afunda,
Na lâmina
De sua lápide
E mais
Fundo
Perfura
O deserto sem alarde
E passa
A ser vento
Semente
O verde do abacate
A ternura
Da boca que ama
O clítoris entumecido
De uma fruta madura
O pênis cavalar de
Um inseto
O amargo das grandes
Viagens,
O vento, as mangueiras
E meu coração
A escutar essa seiva
Que se ouve do coração
Da pedra aberta, eu
Sinto que a vida vale
Pela vida mesma