Nua
Deixa me nua
E me visto de luas
Novas e minguantes
Meu nome é de flor
E um beija-flor
Meu lábio beijou
Deixa-me errante
E me acerto no vento
Meu tempo é certo
Me invento por dentro
Deixa-me tua
E me arrumo mulher
Sou igual ao meu sonho
Nem grão nem imensa
Mas do tamanho daquilo que penso
Deixa-me crua
E me nasço toda
Olho d’água, cachaça, semente
De fina pele menina
Sou a melhor da minha sina
Deixa-me brisa
E te faço chamego
Não sou de laia nenhuma
Meu ventre me abruma
Não sou destas nem de outras
Sou densa
Sou casta
Perversa
Milton Oliveira
Agost