MUDEZ ABSTRATA
A Evelyn Postali
Que poesia eu perdi nas águas do tempo?
Incrustada naquela casa à beira do rio
Toda a ferrugem e ranço dos cacos do passado.
Um rebento de orvalho em flor para aplacar a dor
E mudar tudo com um novo fruto de amor.
O silêncio, primeiramente, é moeda de troca ingrata,
Arguição abstrata que diz tanto e tão pouco em sua mudez.
Após insistências, o sorriso alcança infinitos concretos.
As estrelas brotam no chão do céu
E no céu do coração de todo o impossível.
O silêncio, bem, ainda está lá, faz parte do todo,
Mas, agora, é sinal de entendimento,
De um compartilhamento e cumplicidade
Que palavra alguma no mundo pode traduzir.