A Torre de Marfim
      
Nos confins do firmamento
ao fundo a escuridão
por entre as nuvens
no mundo do além

Uma torre de marfim
se destacava
perdida num cume
que beijava o Universo

Era deserta  silenciosa
no matagal sereno
mas coberta de magia
Tinha um segredo não revelado

Nem todos tinham o condão
de a observar na intimidade
por dentro ou por fora
com torres de menagem

O ouro e o marfim
bafejavam o castelo
coberto de mistérios
mas no silêncio dos deuses

Um cavaleiro poeta
protegido por sua cítara
entoava cânticos
de uma maviosidade estranha

Aproximou-se destemido
O silêncio reinava
os trovões eram aterradores
a calar o silêncio

Os jardins à volta
cobertos de flores
algumas raras
e sentia-se o seu perfume

Os portões por milagre
abriram-se no clamor
das trombetas da poesia
e lá dentro sentia-se o vazio

O cavaleiro poeta
destemido entrou
Percorreu caminhos emoldurados
estranhos e sombrios

Entrou em salões
com o melhor recheio
possível para aqueles tempos
mas o silêncio prevalecia

Descobriu um quarto
fabuloso  luxuoso
Na cama alguém dormia
o sono dos deuses

Aproximou-se timidamente
Era uma princesa formosa
Atreveu-se a beijá-la
no despertar de um longo vazio

Um sorriso sensual
de uma autêntica princesa
observou-o entre o silêncio
e algo se transformou

Ouviram-se as trombetas
por toda a torre de marfim
As salas encheram-se de magia
reis e duques dançavam

O poeta apaixonou-se
pela princesa e por lá ficou
até aos confins do tempo
esquecido das guerras.

pedrovaldoy
Enviado por pedrovaldoy em 19/07/2007
Reeditado em 05/02/2010
Código do texto: T571604