Rumo ao monte
Escoltei o tempo, lado a lado, carne de pescoço de fato.
Fui criar, criei; escrever e ver o que vai dar.
Círculos tornaram-se triângulos; teoria da conspiração?
O velho sendo novo – recriando na absolvição.
Olhos fechados e deixa-se levar pelos ouvidos,
Sentimento sequestrado – síndrome de Estocolmo.
Estou como um velho sábio: abraçando livros.
E os vivos como o diabo gosta: cem perguntas, sem ter como.
As horas são amigas, são teimosas e esportivas;
Todos os dias correm lentamente e andam correndo.
Vai um drama vem um ‘dream’ ouço um ‘drum’;
A dama da beleza – dama da noite com seu perfume ao vento.
De joelhos faço de coração uma oração ao longe;
Vem rebates, vem sons alheios em língua estrangeira azul.
Haverá uma asneira rasteira que deixaremos aos asnos;
Há simplicidade suntuosa no grão de areia do monge.
Faz-se maestria, faz-se nada –, de dia ou de noite...
O tempo me escolta, puro e seguro de volta ao invento;
Sabendo que normas estão pelo mundo, feito chorume.
Vê-se insistente o sorriso do sol ao morrer do negrume;
Livro-me do manto, minto ao lamento e subo ao monte.
André Anlub
(18/1/16)