ABRINDO O TEMPO

Estou descascando

Desfazendo em lascas

Todo cinza da tempestade

Sob a pele reencontro

O azul do céu desta alma.

Estou enxugando as lágrimas

Secando as águas de mim

Desanuviando a vista molhada

Retingindo de alegria a vida

Despolarizando energias, estou perdendo raios,

Emudecendo trovões, apagando relâmpagos,

E amansando a incompreensível ventania.

O sol começa a aparecer

Diluindo o temporal em coisas sãs.

As gotas serenam o último beijo no guarda-chuva.

Muito em breve, passará a tempestade

Serei outro sem todo o pesado negrume.

Serei, enfim, arco-íris, aliança de dias felizes.