JANELA
JANELA
um dia foste
amor vivo
hoje vivo
o amor desgarrado
todo dia
era a vida vista
da janela
que o sol abria
em raios
e a vida era dourada
repetida
acalorada
outra vez era dia
e todo dia
o amanhecer
que sempre era
tinha teu rosto
de berilo
refletido na vidraça
e agora
a vida passa
sem teu hálito de uva
só me resta
uma réstia
repetida de chuva
e um gosto desgostoso
daquele amor
que era
tão novo
tão azul
e de novo
cresce a hera
por toda janela
que de dourada
se fez verde
e eu só queria
te ver de novo
Mírian Cerqueira Leite