Nada

Eu que não tenho nada

que não pertenço a pátria

não possuo jurisdição

que não vivo como burguês

trabalhei arduamente

lutando para prosseguir o viver,

sobreviver a frieza do ser

para muitos uma escritora inativa

para outros poeta incompreendida

eu que nasci pra chorar

não posso te oferecer qualquer valor

nem riquezas ou méritos,

carrego o meu singelo amor

de nada vale o que trago no peito

buraco na alma infinito,

coração em mil pedaços partido

eu que não sigo padrões hipócritas, sou livre

busco viver sem machucar ninguém,

pro cidadão adaptado não sirvo também

tenho um coração para amar

um corpo pulsante pra tentar

um olhar profundo e todo o tesouro

de uma vida a contemplar

eu que sou feita de sonhos e emoções

já doei a vida pelo próximo em vão,

não me encaixo nos padrões impostos a mim

sou uma mais, nesse nada enfim.

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 31/07/2016
Reeditado em 21/11/2019
Código do texto: T5715134
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