Nada
Eu que não tenho nada
que não pertenço a pátria
não possuo jurisdição
que não vivo como burguês
trabalhei arduamente
lutando para prosseguir o viver,
sobreviver a frieza do ser
para muitos uma escritora inativa
para outros poeta incompreendida
eu que nasci pra chorar
não posso te oferecer qualquer valor
nem riquezas ou méritos,
carrego o meu singelo amor
de nada vale o que trago no peito
buraco na alma infinito,
coração em mil pedaços partido
eu que não sigo padrões hipócritas, sou livre
busco viver sem machucar ninguém,
pro cidadão adaptado não sirvo também
tenho um coração para amar
um corpo pulsante pra tentar
um olhar profundo e todo o tesouro
de uma vida a contemplar
eu que sou feita de sonhos e emoções
já doei a vida pelo próximo em vão,
não me encaixo nos padrões impostos a mim
sou uma mais, nesse nada enfim.