Cantiga do vento.
Vi os pássaros em despedidas,
era a revoada da fecundação.
vi arvores nuas emurchecidas.
Fim de Outono e nova estação.
Voavam como as folhas secas,
daquelas arvores já despidas
que alimentarão o solo úmido,
para a gestação da primavera.
Vi um vento, que tudo levava,
até os ninhos dos passarinhos,
como as folhas ele longe jogou,
com sua fúria de volta ao mar.
Está frio meu corpo todo sente,
entrego-me ao calor deste fogo,
que abrasa minha simples casa,
com o fogão à lenha na cozinha.
Uma voz rouca que me chama,
com um bom prato de mingau.
que faz aquecer as lembranças,
das noites tão frias das Gerais.
E quando o sono vem dominar,
o meu corpo se lança na cama,
como arvore tombada no vento,
ainda ouço lá fora o seu canto.
Toninho.