TEMPO DE VIVER
TEMPO DE VIVER
Meus olhos
cavalgam no tempo
e já não te veem.
Meus olhos
eram tão cheios de paz…
Eram vida
num tempo de viver
e dormiam azuis
em céus negros de estrelas
que brincavam de esconde-esconde
entre filetes de pratas e cristais.
Naquele tempo galopavam
em tua voz doce e branda
e hoje que não estás mais
estão cegos por dentro.
Te procuram
em meio a uma cegueira
sem sombras e sem traçados.
Nesses meus olhos de hoje
entrelaçados
de fios de lumes antigos
de fitas de antigos costumes,
como saudade puxam
feito lembranças esticam,
e em mim as tramas como ficam?
Eis esta vida sem suspiros
flutuando sobre a morte
sem pausas no ritmo do vento
que em sussurros vem do norte
e de vida se encanta e se ilumina
nesses meus olhos de ver.
E o tempo secretamente ainda canta
que ainda há tempo
e é o tempo de viver.
Mírian Cerqueira Leite
Mileite