Olhar emoção
Observo o vento,
Soprando, uivando,
Transparente,
Arejando a pele,
Felicitando quando briza,
O casal de namorados,
O caminhante da orla,
Levando também sonhos,
Longe, bem longe!
Observo o rio corrente,
Caudaloso, vigoroso, imenso,
Suas águas lacerantes
Seu sussurro instigante,
As nuvens que passam,
O som do dia,
A luz forte, solar,
Nada de espelho,
Nenhum lampejo de paralisia,
Corre intrépido,
Sua busca para o mar.
Cidade bucólica,
Casas históricas,
Ruas pequenas, estreitas,
Escadarias fantasmas,
Praças suspensas,
Singeleza,
Que vontade de estar lá!
A periferia!
Tanta desordem,
Que abandono,
O que poderia ser contemporâneo,
Escolas tristes,
Muros pichados,
Um céu estrelado,
Vaga visão do que seria.
E a orla?
Serpente na borda do rio,
Movimento intrigante,
Não mais o sussurro da corrente,
Cachaça humana,
Natureza em fuga,
Não!
Apenas a ideia borrada,
Praia abatida!
Não o suporte das areias,
Pés descalços orgulhosos,
Cheiro de peixe,
Catraias, barcos e canoas,
Pingos de suor.