Com-paixão
Criatura... Decaída
Sofrida e tão somente,
Esquecida.
Criador... Ele sempre aberto,
Acolhendo o resto
Que lhe sobrou.
Eu, infeliz
Desprezado e
Marginalizado.
Ele, atento
Chamando, colocando-se:
Eis-me aqui.
Eu, indeciso
Absorto no tempo, neste mar
De problemas.
Ele, presente
Contente com a minha
Rélis existência.
Eu, encarcerado
Caído a beira
Do caminho.
Ele, passando
Fitando, oferecendo
Socorro.
Eu, solidão
Angustiado pela sofrença.
Ele, esperando
Amando-me, sem
Nada a cobrar-me.
Eu, aborrecido
Amolecido pelo
Peso da cruz nos ombro.
Ele, presente
Ombro a ombro:
Chamando-me. Venha!
Eu, atordoado pelas faltas
Amargurando-me do passado.
Ele, livre, disposto
A perdoar-me, a esquecer
O que se passou.
Eu... Morto,
Inércia pura
Sem esperança ou sorte.
Ele... Abrindo os seus braços.
Rejubilando-se com o retorno
Do eu.
Mãos estendidas ordenando:
‘Levanta-te e anda’.
Eugênio
04/06/2016