ESPELHO DE DORES

O homem que chuta a lata

Jogada na sarjeta, chuta a própria alma.

A lata é o teu espelho de dores.

O homem que afaga o cão abandonado,

Mas não o leva pra casa, afaga a própria alma,

O cão é o eu abandonado no teu lar de escolhas.

O homem que na ignorância de amarras férreas

Atormenta o desconhecido, atormenta a própria alma.

O desconhecido é o imagético ignorado e irreal de si.

O homem que pisa as flores do jardim

Da condição humana, pisa na própria alma.

As flores são a sua sensibilidade ferida.

O homem que compõe bela poesia

Pelas ruas da cidade, compõe a própria alma.

A poesia é parte fluente da estética em si.

O homem que abre os braços na mansidão

Ou no temporal do final de tarde, abraça a própria alma.

O homem, ali, já sabe que é hora de partir.