MINHA POSE INDÔMITA

MINHA POSE INDÔMITA

Quer me dar algo pra comer

algo que seja e venha de você

o liquido precioso derretido

feito suor que lacrimeja

e me deixa abatida colérica

sem destino perdida

abraçada ao mal que convém

tecer poucas linhas

nenhuma palavra dita

linguas faladas procurando

alternativas correndo lábios

descendo aos meus lábios

escondidos nas finas

tecidas sedosas que retiras

depressa desafia um perigo

que já vinha comigo

quando tive interesse

me descubra intolerável

com o mundo caótico

querendo um ódio covarde

que termina no sofá da sala

filmando páginas inteiras

de um livro sobre a Pérsia

e as conversas dos diários

de madames complexas

incompletas por isso avessas

cuidando das aparências

que não enganam ninguém

destrua o que tem sentido

que torna tudo enfadonho

imprestável porque é fácil

seja intruso por querer

seja instável sem domínio

não fale do início de toda obra

deixe terminar o encanto

quero ser a sobra acabada

e o portanto sem fim

não suportando ir embora

no momento ficando

porque acabam-se as horas

cria-se o dia numa noite

iluminada de desejos-mitos

invada meu rito sagaz

de fuga

traga minha blusa presa

entre nós coesa firme

de um nó certeza tenho

me amarro nas surpresas

quando caminho desavisada

do possível que pode acontecer

aquilo que pode antever

é tédio

odeio flores entregues

p'ra pedir um beijo

me entregue todas as margaridas

colhidas logo cedo

quebre minha pose indômita!

MÚSICA DE LEITURA: Jolie Holland - Old Fashioned Morphine

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 30/07/2016
Código do texto: T5713520
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