Saga
I
Segui meu rumo, ferido
Uma alma a vagar
Com o corpo despedaçado, me pus a observar
Toda a escória humana que vivia a me passar
Hipocrisia e ganância
São os valores a se propagar
E um leão por dia
É pouco pra se matar
II
No meio do meu caminho tinha uma pedra
Uma pedra que não pude transpor
Ai de mim, tolo
Pensei que poderia escapar do amor
O olhar é o delator da paixão
Não há nada que lhe escape
Caso ela te agarre
Saiba de antemão: Se encontrares o amor, com ele vem a perdição
III
Tentando me curar da flechada do cupido
Percebo, só agora, fui meu único inimigo
Fiz sofrer e agora sofro por não ser correspondido
Distraído e embriagado, analiso o horizonte
E ainda que incrédulo, vejo uma imagem, assim, ao longe
Algo mágico e obscuro, algo aterrorizante
Assustado com a cena, paraliso ofegante
De onde terá surgido um ser tão grotesco e medonho
Interrogo a mim mesmo: é real ou será sonho?
IV
Saio do transe e sigo, andarilho
Envolto em chuva e pesar
Andando entre uma rua e outra
Continuo a perguntar
Será a vida toda um trilho
Que um caminho irá formar?
E se a vida for um sonho
Não preciso questionar
O que forma um sonho doce
Posso agora afirmar
"Alguns querem te usar
Outros querem que você os use
Alguns querem te abusar
Outros querem que você os abuse
Doces sonhos são feitos disso
Quem sou eu pra duvidar?
Viajei pelo mundo e os sete mares
Todos têm algo a procurar"
V
Ainda bestificado com toda a baixeza humana
Vem em minha mente uma ideia mais que insana
Se todos são podres, e têm natureza vil
Por que me calarei e aceitarei como um servil?
Desperto em mim pensamentos escondidos
E sei bem o que fazer
Não importa quem sairá ferido
Vou em busca do prazer
VI
Hoje, preso, reflito
Sobre tudo o que fiz
Se não sucumbisse ao erro
Teria sido mais feliz?
Tenho agora só lamentos
Me desespero pouco a pouco
E com ódio paro e penso,
no inferno, quase louco
Se um dia sair daqui, sofrerão também uns outros