ESPERA INÚTIL
Tenho a cidade aos meus pés
E no meio da tarde
Espero a musa
Entre tantos transeuntes
Que atropelam minha solidão
Enquanto o Capibaribe às minhas costas
Com seu fedor de bosta
Zomba da minha espera
Já é quase noite
Os passos já são apressados
Para os ônibus
Que levam aos subúrbios
Minha memória busca um verso
Já não tenho a cidade aos meus pés
Com a noite
Se infiltrando na realidade
A ausência da musa é real
Deixando comigo
As cinzas de uma espera inútil.