aprendendo
olho o abismo do meu dia.
ele se faz imenso,
inexpugnável.
um abismo profundo
repleto de ontens
buscando uma coerência
que nunca existiu
vejo páginas viradas
mal preenchidas
rotas e rasgadas
que não fazem sentido
olho, no avesso do espelho,
um ser estampando um falso reflexo
onde a própria imagem recriada
carece de nexo
e vejo a inutilidade das coisas
da vida mal resolvida
tolamente decidida
cruelmente insolúvel
devia ter aprendido
que antes de tudo
é preciso desaprender
para aprender a aprender
e nunca mais
guardar entulhos
tolos embrulhos
em tão precioso espaço
em tão exíguo tempo
eg