ACORDE

Meu amor traja suas vestes mais finas

E repousa agora numa cama especial.

Observo solene o seu imperturbável

Descanso. Peço aos céus em silêncio:

“Acorde, acorde, por favor, acorde.”

Mas só recebo o acorde das lágrimas.

Minha amada já não pode me responder,

Pois se vestiu com uma mudez inquebrável

Metamorfoseada num anjo pálido.

Resta-me o sóbrio e amargo luto

Ela não acordará desta vez. Não mais.

O sol que um dia brilhou sobre nós

Trazendo todo o significado da vida

Fora brilhar em outros seres conjugados

Dando intermitente chuva aos meus olhos

E uma súplica de intangível resposta.