HÁ UMA MÚSICA EM MEU ROSTO
Ouço a melodia pautada no meu rosto feito máscara
que tenta disfarçar desenganos, frustrações, desamor,
traições, abandonos, ciúmes, violência, falta de respeito,
carência de olhar admirador, ausência de atenção,
falta de carinho, brio, ternura, chamego e espanto.
Para muitos, não sou mulher, mas a fêmea feita em
pasto de desejos egoístas, traiçoeiros e insanos.
O olhar guloso do homem me espreita como caça,
presa destinada ao abate nos safáris e nas savanas da vida.
Agora, quero ouvir o entoar de uma música diferente,
a ecoar para além de todo o preconceito machista
que existe contra cada uma de nós mulheres neste mundo.
Indiferente aos gêneros, há que existir um momento
de fraterno respeito e admiração, que ultrapasse a casca,
acima de todos os clichês das meras aparências.
A máscara da música que me veste precisa ter o tom exato
do valor que a mulher merece, o som da mais divina prece
que faz pulsar o coração do mundo. Um novo mundo, onde
o engano, a indiferença, o ciúme, tudo isso desvanece.
Sou mulher de gestos simples, aquela que pede um olhar
capaz de perceber a essência do que se é, sem retoques,
sem maquilagem, sem truques, sem trapaças, sem mesquinhez.
Sou mulher contemporânea de tudo aquilo que respeita a vida.
Essa mesma vida que é tão curta e pede plenitudes. Exige
apenas cumplicidade de quem, num momento fugaz, estende
a mão para todos os que precisam de compreensão, ternura
e afeição. Todos somos irmãos e o amor sem cobrança, sem
suspeita, aquele que confia, é o que nos faz seguir em frente.
Há uma música em meu rosto nessa máscara que revela
tudo o que sou: a melodia de um novo tempo para a mulher
contemporânea da beleza e da poesia que habita no coração
de todo o ser vivente deste planeta que se chama Terra.
Terra que se abre para o universo. Universo que se estende
ao infinito de se viver como se fôssemos um sopro. Apenas
um sopro que pulsa de ternura e alegria a tanger a eternidade.