Não sou poeta,
Coração enegrecido,
Ferido, esvaindo-se na parca vontade
De viver, de ser, vontade de existir,
Caminho descendente, negro, solitário!
Não sou poeta,
Nem as flores mais existe,
Secaram, não sob o calor,
De outra paixão, as árvores morrem
De pé mas morrem, perco-me
Por perdido andar, ideias terminais!
Não sou poeta,
Nem tão pouco sei quem sou,
Mas sei, que poeta, o não fui,
Ou na minha louca viagem serei,
Mesmo não o querendo ser!
Sou poeta,
Sofredor das letras,
Da alma inquieta,
Da morte da borboleta,
Da maré, da lua nova,
Dos amantes suicidas,
E das noites perdidas,
Poeta da solidão,
Por pedra ser meu,
Eterno e gelado coração!