EXPLOSÃO
EXPLOSÃO
Explode-se em cacos
A ordem vigente
Não há vidente
Que imagine o porvir
Os estilhaços
Após o caos
Espalharão
Sementes, raízes, cicatrizes
Ou folhas mortas
Flores murchas
Frutos envenenados
Linhas sem imaginação
Ou imaginárias verdadeiras
A morte adiada
A ferida curada
O tempo perdido
Recuperado
Distâncias sem reentrâncias
Momentos fugazes, vorazes
Ou ternos, eternos
Na vida alongada
O sangue fluindo
Em cabeças desarmadas
Irrigando a terra
De bem querer
Ou males profundos
De seres imundos
Transplantados um a um
A uma miríade de gentes
Habitantes culpados inocentes
De fundos e frentes
Descompromissados
Com o que quer que seja
Pensando vinho e cerveja
Em xícaras de café
Que não viraram cacos
E acabaram virando cacoetes
De insanos
Que por anos a fio
Rondaram o desconhecido
O não sabido
Paridos por encomendas
Em tendas
Já que o mundo virou escombro
Não há mais ombros
Para chorar
Lágrimas secas sem sal
Entre o bem e o mal
Nada mais é igual
Sequer os cacos
Que foram pulverizados
E ao pó retornaram
Sem espaço para ressurgir