EXPLOSÃO

EXPLOSÃO

Explode-se em cacos

A ordem vigente

Não há vidente

Que imagine o porvir

Os estilhaços

Após o caos

Espalharão

Sementes, raízes, cicatrizes

Ou folhas mortas

Flores murchas

Frutos envenenados

Linhas sem imaginação

Ou imaginárias verdadeiras

A morte adiada

A ferida curada

O tempo perdido

Recuperado

Distâncias sem reentrâncias

Momentos fugazes, vorazes

Ou ternos, eternos

Na vida alongada

O sangue fluindo

Em cabeças desarmadas

Irrigando a terra

De bem querer

Ou males profundos

De seres imundos

Transplantados um a um

A uma miríade de gentes

Habitantes culpados inocentes

De fundos e frentes

Descompromissados

Com o que quer que seja

Pensando vinho e cerveja

Em xícaras de café

Que não viraram cacos

E acabaram virando cacoetes

De insanos

Que por anos a fio

Rondaram o desconhecido

O não sabido

Paridos por encomendas

Em tendas

Já que o mundo virou escombro

Não há mais ombros

Para chorar

Lágrimas secas sem sal

Entre o bem e o mal

Nada mais é igual

Sequer os cacos

Que foram pulverizados

E ao pó retornaram

Sem espaço para ressurgir

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/07/2016
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