Sempre falta muito pouco

Falta tão pouco em mim,

Para eu me completar,

Mas esse pouco que falta,

Onde devo buscar?

Começa assim a sentença:

Afrente devemos olhar!

E ao surgir das barreiras

Nos mandam sempre pular

E em abismo as vezes caímos

E sentimos não mais levantar

O destino traz o infortúnio

Mas o que seria não ter que lutar?

Falta tão pouco de mim

Para assim me completar

E esse pouco que falta

Mais falta há de gerar

E as pessoas são condescendentes

De um crime forjado e banal

As palavras são as sentenças

Os "bom dias", o veredito final

Dessa forma se segue a vida

Nas descida, sem controle total

E o vento que sopra o rosto

Diz seu gosto pela face anormal

São beijos suaves da morte,

Que por sorte não tocam a ti

Tanto queres ver o que segue

Que suporta o maldito existir

Falta tão pouco de mim

Para eu me completar

Só que esse pouco que falta

Insiste em sempre faltar

Não há rima que leve ao Nirvana

Nem na dança, na arte ou olhar

É o delírio do homem-criança

E sua lembrança confusa do amar

Sempre falta muito pouco

Sempre há o que se completar

Tudo é sempre, em milésimos

E nada sai do lugar...