SOLITÁRIO NATO

Na esteira dessa vida,

Caminhei léguas a fio,

Nem lembrei a tal partida,

Se foi na estrada ou no rio.

Só sei que aflição passei,

De angustia e de frio,

Mas da senda agora rumei,

E não tiraste meu brio.

Mesmo vivendo na multidão,

Me sinto um solitário nato,

Tentando acender o coração,

Na sanha de ter um aparato.

Sou somente a brisa que areja,

Esse rosto que nem ruga tem,

Pois o sacrifício que almeja,

Não foi alcançado também.

Sonho eu mesmo preciso buscar,

Isso é dito e certo nesse meio mordaz,

Mesmo que a proeza não venha trilhar,

Caminharei ao encontro onírico capaz...