Companhia
Têm esses dias azuis que a vontade
da preguiça é bater na porta do outro
sem esforço, só pra saber se tem gente
e saber-se companhia.
É dia de fome amena
de quem nada espera, e tudo pensa.
Essa vontade de bater no coração do outro
poesia sem asas, sem graça
um acalento.
Mesmo sem aceitação
não importa, é nesses momentos
bobos de preguiça que se escreve
essas tolices, e fica aqui, entre nós,
um querer ausente, creio de preguiça.
Vou pra porta da poesia só ela
sente o outro lado que me toca
aquele que nada quer,
hoje é de descanso, e preguiça.
E a companhia? logo me vem a porta,
afinal, já cuidei do meu jardim.