Arabescos
Aquietei a imensidão do tempo,
no contratempo, da vastidão do nada.
Deixei a ilusão, que me vestia nu,
na ventania que passou no vão da escada.
Me fiz de tonto ignorando a intriga,
e na barriga da inércia, deixei meu fardo.
Acabrunhado, rebusquei a paciência,
pedi clemência aos afrescos do passado.
Tamborilei no couro gasto de um pandeiro,
não fui o primeiro a perfilar a tal ideia.
Fui epopeia, nos ardis de um novo tempo;
e o contratempo me voltou nessa apneia.
Ainda continuo procurando meu sapato,
um novo fato, ainda penso descobrir,
se a distância se esvai na inadimplência
porque maledicência é o que vejo por aí.
E me pergunto como um sacerdote bêbado,
qual Cristo será preciso defender,
aquele que por amor, morreu por todos?
Ou apenas este, que tantos fazem denegrir!