Arabescos

Aquietei a imensidão do tempo,

no contratempo, da vastidão do nada.

Deixei a ilusão, que me vestia nu,

na ventania que passou no vão da escada.

Me fiz de tonto ignorando a intriga,

e na barriga da inércia, deixei meu fardo.

Acabrunhado, rebusquei a paciência,

pedi clemência aos afrescos do passado.

Tamborilei no couro gasto de um pandeiro,

não fui o primeiro a perfilar a tal ideia.

Fui epopeia, nos ardis de um novo tempo;

e o contratempo me voltou nessa apneia.

Ainda continuo procurando meu sapato,

um novo fato, ainda penso descobrir,

se a distância se esvai na inadimplência

porque maledicência é o que vejo por aí.

E me pergunto como um sacerdote bêbado,

qual Cristo será preciso defender,

aquele que por amor, morreu por todos?

Ou apenas este, que tantos fazem denegrir!

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 24/07/2016
Reeditado em 30/06/2021
Código do texto: T5707566
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