alma: gozar
com teu corpo
o meu corpo entra em parafuso
se acende, perde o foco
pega fogo, perde o norte
se dilue em vulcões,
e em múltiplos gozos
me sedimento nas raízes, no chão, por entre pedras
com o teu corpo
o meu corpo torna-se outro corpo
num escopo de devassidão
mas contigo
sem precisar do teu corpo
o meu corpo se delineia, faceiro
SE ARREPIA
faz-se teia, pedra, areia...
e sinto a alma pulsar...devagar
sem apressar os agoras,
sem atrofiar os amanhãs
e algo estranho acontece
perene poético sensual
sem a carne apetecer
ou dá sinal
de sua fome ou sede
sem os vínculos neuvrálgicos se tensionarem
sem nada compreender
sem nada entender
a minh'alma se irradia e jorra alegria
se esculpe e se acende em folias
se floresce em plena luz do dia
em plena euforia
em plena festa
uma loucura doida que se causa em mim
como o invisível o dizer
a celebrar o prazer
que se instala em mim
que se instaura em mim
sem mesmo eu perceber
sem mesmo eu compreender
só sinto que é bom viver
porque minh'alma sente fome
sente sede, sente agonia
da oração suja dos ritmos orgíacos da poesia
que ela se traduz em liturgia
em ritos transcendentes
com as testemunhas das vozes dos ventos
e a minha alma se alumia
se contorce e se arrepia
de quando estar perto de você