Espelho, Espelho Meu
Espelho, espelho meu, hoje eu estou doente
Porque eu vi você, porque eu vi você.
Desde que o vi, eu tornei-me incoerente
A me desaprender, a me desaprender.
Alheia aparência nunca foi de importância
Mas isso porque normais eram, normais eram.
Diferença há agora: beleza em abundância,
E hoje os espelhos desesperam, desesperam.
Sempre que a olho eu não sei o que eu faço
Porque fico doente com o meu reflexo.
Sempre que a olho e penso no seu abraço
Eu fico doente. Seu feminino sexo
Aos olhos meus doentes pela biologia
É surrealmente belo em sua alma.
Grito solitário em uma poesia
Buscando a razão fora de minha calma.
Na natureza, aprendi, mesmo entre humanos
Há uma competição acima das palavras.
No mundo há sempre dois, quatro, mil beltranos
Prontos para tomá-la de mim a patadas.
Espelho, espelho meu, denunciou teimoso
A doença que tenho e fiquei doente.
Tudo o que eu faço agora faço horroroso
E tudo o que penso, eu penso incoerente.
O grande problema dessa Lei do Mais Forte,
Que domina nossa natureza animal
É que, na verdade, é quem nasce mais forte
Que vencerá aquele que nasce subnormal.
Espelho, espelho meu, mostrou a minha força
Mostrou como sou fraco, feio, atrasado.
Então para manter comigo essa moça,
Não sei o que fazer. Já nasci condenado...
22/7/2016