ESTRELA MENINA

ESTRELA MENINA

(Ivone Carvalho)

A lua brincava menina

Com estrelas à sua volta

Uma delas, pequenina,

Espiava com revolta.

Sentia falta do brilho

Que às outras enfeitava,

Sabia que seu destino

Era o olvido de quem amava.

Então, sozinha, acanhada,

Todas as noites, brilhava,

Mesmo em meio as trevas

Surgia no céu e piscava.

Não perdia a esperança

De ser vista por seu amor,

Como a noite, era criança,

Sabia do seu valor.

Ouvira, um dia, da lua,

Que era preciso lutar

Que igual a ela, alma nua,

Ninguém sabia amar.

Sabendo-se inteligente,

A estrelinha persistente,

Não cansava de espreitar,

Piscava na madrugada,

Com a fé inabalada,

De seu amor conquistar.

Veio a chuva, o tempo frio,

E seu amor, arredio,

Não mais olhava o céu.

Ela, então, na sua mágoa,

Enchia os olhos de água,

Lágrimas doces como o mel.

Não queria ser cadente,

Brilhava mais, de repente,

Buscando chamar atenção.

Mas eram tantas estrelas,

Que mal se podia vê-la,

Naquela imensidão.

Esforçava-se com carinho,

Surgia sempre de mansinho,

Para seu amor não assustar.

Percebia, inconsolável,

Que mesmo sendo amável,

Não era vista em seu lugar.

E mais piscava a estrelinha

Sabia que o amor que tinha,

Era maior que o sol,

Sonhava ser mais que estrela,

Talvez seu amor pudesse vê-la,

Se fosse o arrebol.

Tentava se transformar,

Mas só conseguia chorar,

Com a saudade que aumentava,

Precisava que ele a visse,

Que seu grande amor sentisse,

Mas ele não acreditava!

Triste estrela pequenina,

Descobria que sua sina,

Era o pranto que chorava.

Decidiu que eternamente,

Mesmo com ele ausente,

Seu olhar esperaria,

Quem sabe se algum dia,

Por um milagre de Deus,

Ele ouvisse o grito seu

No brilho que sustentava?

Sim! tamanha era sua luta,

Não desistiria da disputa,

Queria o ser que amava!

IVONE CARVALHO
Enviado por IVONE CARVALHO em 19/07/2007
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