O Jogo

Os olhos vêem o rosto no espelho

Das salas anteriores

Mas não conseguem ver o rosto em que está,

Visão errante nas salas de recordações

Procurando os motivos marcados em linhas

No rosto de agora,

Expressões resignificadas por emoções indefinidas

De passes certos e errados na dança da vida

Formando, deformando e reformando

O reflexo turvo do que chamam de Ser,

Os olhos são distraídos nos rostos de tantos ontens

Enquanto a marcha cardíaca o leva ao limite da sala

Onde as portas são embaralhadas pelo destino

Convidando nossas mãos,

Nesse baralho de portas

Cada naipe representa um sonho

E os números são o segredo de cada fechadura,

A chave é o rosto que achamos que temos,

E a certeza que possuímos

É a incerteza de todas as salas do futuro,

Quando abrimos a porta só encontramos nós mesmos

Soltos em uma imensa escuridão,

É preciso do brilho de toda sua vida para iluminar a sala,

Porém o encontro da luz com as sombras

Esboça somente um reflexo do agora

Que exige mais nitidez para ser definido,

Então para saber como e onde estamos

Recorremos as salas anteriores nas lembranças

Arrastando toda luz do passado

Que fica mais pesado a cada ano,

A cada sala nova

Que com o passar do tempo é tão igual quanto a outra

E mesmo assim nunca encontramos nosso rosto,

Talvez porque ele seja exatamente esse jogo,

Abrir portas até o passado tornar-se insustentável

E temos que assisti-lo na sala que alcançamos

Deixando a marcha cardíaca nos levar

Onde o destino abri uma que não permite

Acessar a luz das anteriores.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 21/07/2016
Reeditado em 20/06/2018
Código do texto: T5705074
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.