RELÍQUIA

Depois de tanto tempo

Guardada, finalmente, a reencontrei

Coberta de finas camadas de pó.

Em algum momento, a esqueci.

Inconscientemente, a enterrei,

Pois me doía vê-la. Lembrar-me

De algo tão especial e que morreu.

Deste amor avassalador, do qual, sobrou

Apenas dor, tenho de prova, esta relíquia:

Meu coração empalhado, empalado,

Soterrado no fundo do peito, sem pulsar,

Sem amar, um órgão, meramente de enfeite

Posto no pedestal falho deste corpo.

Sutilmente a relíquia cardíaca expira,

E será um lamento perpétuo do passado.