VALA RASA

Cansado daqueles corpos

Amontoados sem harmonia

Naquela estúpida vala rasa

Joguei pequenas sementes

Pela ribanceira do buraco

De morte e interminável pesar.

Reguei as sementes, adubo,

Não faltava. Logo, as flores

Nasceram e perfumaram

A boca da sepultura aberta.

Nada, claro, compensa a vida

Perdida, mas, agora, ao invés,

Da arte abstrata de corpos

Temos flores completamente

Lúdicas a decorar a vala rasa.