LÚGUBRE

LÚGUBRE

Na invisibilidade do ar

Respiro a plenos pulmões

Os aromas e os odores

Deste estranho lugar

Cheio de mistérios

Na frieza da chuva

Destilada água

Bebo a impureza da vida

Da canícula do fogo

Tiro forças de sobrevivência

Da firmeza da terra

Tiro tudo que me alimenta

Sou explorador da natureza

Nada lhe empresto ou doo

Apenas sugo, bebo, engulo

Tudo que me fornece

E a cada instante fenece

Um pequeno pedaço de chão

Destruído pela necessidade de vida

Paradoxo que perdurará

Até o juízo final

Quando tudo estará esgotado

Espoliado sem dó

E tudo, tudo, será pó

O ar será gás carbônico

A água evaporada

A terra estorricada

O fogo cinza

A vida extinta

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/07/2016
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