QUASE ISTO



É como vício vindo a ser suplício
Estigma em dor, maldito, é como um rito
Mudando a fim de dar no mesmo estrito
Distrito vil do mito por ofício.

É o que se quis o passo à frente, um dia,
A guarda vã de bobos vates bardos
Confusos com seus louros - ou são fardos? -
Cantando aos seus iguais, mas quem diria...

É como eclipse que trocasse o outubro
Pela promessa de porvir mais rico,
No equívoco que nunca alcance a Vico
Na pressa por ver tudo em vivo rubro.

É como verso lido que, em balidos, 
Constrange até rebanhos mais festivos,
Ofende ausentes, faz corar os vivos.
É o cúmulo de vivas dos perdidos.
 
É trama infame que me traz Mefisto
Em seu contrato - todo em caixa baixa... -
A ver no fim se o vácuo bem se encaixa
No início, feito vício, só, quase isto.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 19/07/2016
Reeditado em 09/08/2016
Código do texto: T5702489
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