O EFEITO PEALO NO AMOR

Montado em seu cavalo tubiano

sentindo o minuano no rosto,

num galope a rasgar o tempo,

seguia sua rota o pampiano.

A chinoca no pensamento,

o peito sacudia em alvoroço.

O frio gelava alma e chão.

O tropel quebrava a geada.

A ânsia de chegar o inflamava.

O ímpeto do impulsivo coração

à aproximação de sua amada,

era como fogo que o atiçava.

Peão dos mais guapos, valente,

enfrentava qualquer parada.

Jamais em alguma peleia batido.

Porém, do amor o pealo recente

bem armado encurtava a laçada

e por certo ele estava vencido.

Muitas léguas foram percorridas,

sem descanso a sua montada,

por seu dono encambichado.

No tropel marcadas as batidas

do coração naquela jornada

que o amor lhe havia aprontado.

E assim, quando a tarde caia,

o galope já ia se arrefecendo,

a silhueta do galpão ele já via

e da cordiona som apetecendo

cair no fandango, o que queria.

No palanque o cavalo foi atando.

À porta dois braços abriram a cruz

na qual jogou-se ao fogo da paixão.

Valeu a pena as horas cavalgando.

Pealado no amor o valente se reduz

ao mais meigo e submisso peão!

Marcos Costa Filho
Enviado por Marcos Costa Filho em 17/07/2016
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