Carne Humana
Chove água fina,
Infiltra na pele do homem,
Lava o sal, ofende os pulmões.
E o som do trabalho
Acasala-se com o rouco da tosse,
E quando vier o silêncio,
Cobrindo de tristeza todo teto,
Troca-se o homem.
Chove água fria,
Congela a decência e a dignidade,
Empedra o sonho,
Conserva a carne morta.
Belo Horizonte, 10/02/87.