Hai-kais na madrugada
No vazio do tédio
bato palmas e o eco
mostra o dedo médio
Cultura burguesa
a TV faz a cama
e põe a mesa
Tanta coisa na cabeça
no coração apenas uma
antes que me esqueça
Impertinentes
os versos voam
faca entre os dentes
Sempre foi assim
Gastei tempo e latim
E a vida vai sem mim.
Diapasão
afinar o molho
com o tom do pão.
Poesia só existe
Como objetivo estético
Se me faz bobo ou triste.
Desculpe, querida
estou sem apetite
pra comer a vida
Atores eunucos
retornam ao palco
para os apupos.
Dopada eternamente
em berço esplêndido
segue em boiada essa calma gente
No vil conchavo
em cada grade
me escravo
Dúvida deplorável:
poeta menor
é inimputável?
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