Lucidez
Não quero mais o adeus nos beijos que dei,
nem a incerteza do que serei... será?
Não quero o certo ou incerto de sentidos mornos
dos que temem os encantos do amor,
nem o destempero que tempera a dor.
Venha a mim o mundo no que possa me dar
que o abraçarei na coragem de quem sabe sonhar.
Não quero mais as rimas dos versos batidos,
saio do contexto, libero a libido.
Tomo parte do verbo contido na palavra amor,
não quero mais os sonhos não vividos
obsoletos em paradigmas corroídos
de amantes mal amados, destruídos, abandonados
nos mesmos passos, abraçados ao acaso,
onde são levados aos precipícios das lembranças
recordando a esperança que em ritmo de criança
marca o passo no compasso da nova dança.
Não quero mais o mundo gritando ao meu ouvido
as dores que meu corpo encerrou.
Refaço a cena pondo fim ao que sobrou da lucidez,
abraçando a loucura desfaço-me dos sentidos
e torno-me viva outra vez.
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