O LENÇO

Um lenço

Ao vento

Pensando

Que é pássaro

Se vê no reflexo

De um lago

E deslumbrado

Pousa delicadamente

Sobre a face imóvel

Das águas calmas.

Espalmado, o lenço,

Beija a própria

Face estampada.

Sutilmente, ele,

Afunda, embalado

Pelos sonhos

Líquidos do existir.

Deixado de lado

O pássaro alado

O lenço virou

Colorido peixe

Da eterna

Profundeza

De ser aquilo

Que bem entender.