PRECIOSIDADES (35)
V E N T O M E N I N O
Acordei com a voz do vento
que batia na minha janela...
Pensei na hora e no tempo,
acendi ao meu lado uma vela.
Lá fora o frio ardia,
doíam a relva e a flor...
O vento na janela batia,
batendo implorava calor.
Abri a janela, e o vento
tremendo em mim desmaiou...
passei minhas mãos sobre ele,
sorrindo o vento acordou.
Parecendo um menino perdido,
entre as mãos espalmadas o acolhi;
balbuciando logo em meu ouvido,
melancólico adágio eu ouvi.
Tremendo ainda, o vento
no outro ouvido cantou...
Parecendo elemento alado,
o vento pra mim sussurou.
Não sendo menino nem pássaro,
que presos ainda podem cantar,
levei-o bem logo à janela,
e o vento se pôs a voar.