Caminhos e sobressaltos

Trafego sem nenhuma intimidade

do seu corpo nu para a poesia,

a economia e a feliz cidade

Meus olhos nada vêem

apenas vultos que ficaram no passado

aparecem vez ou outra

- uns até que ficam –

e a transformam como poucas

São poucas as roupas que me cabem

as cores sutis, são verdes, são azuis

cetim é o forro do paletó rasgado

o pouco que roubaste de mim

Trafego sem nenhuma intimidade

do quarto escuro para a claridade

agora vejo apenas o que tem na frente

e nem tente, mas vá adiante

fique por demais contente se

conseguires saltar sobre o muro

Este salto dei eu sobre tudo,

sobretudo sobre enganos e medos

também dei sobre alegrias e

pesadelos

– ainda os tenho –

mas saltar já é uma arte

salto para ficar alerta e não temer

estatelar-me em alguma

estrela lá no mar

Assim, de saltos e sobressaltos

vôo bem alto

vou ao encalço, febril

- bem distante –

de quem levou-me em sonhos

a sonhar em novos tons,

tons de março, quase abril

Rogério Viana
Enviado por Rogério Viana em 04/03/2005
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