Caminhos e sobressaltos
Trafego sem nenhuma intimidade
do seu corpo nu para a poesia,
a economia e a feliz cidade
Meus olhos nada vêem
apenas vultos que ficaram no passado
aparecem vez ou outra
- uns até que ficam –
e a transformam como poucas
São poucas as roupas que me cabem
as cores sutis, são verdes, são azuis
cetim é o forro do paletó rasgado
o pouco que roubaste de mim
Trafego sem nenhuma intimidade
do quarto escuro para a claridade
agora vejo apenas o que tem na frente
e nem tente, mas vá adiante
fique por demais contente se
conseguires saltar sobre o muro
Este salto dei eu sobre tudo,
sobretudo sobre enganos e medos
também dei sobre alegrias e
pesadelos
– ainda os tenho –
mas saltar já é uma arte
salto para ficar alerta e não temer
estatelar-me em alguma
estrela lá no mar
Assim, de saltos e sobressaltos
vôo bem alto
vou ao encalço, febril
- bem distante –
de quem levou-me em sonhos
a sonhar em novos tons,
tons de março, quase abril