MEL, VELA E MAÇÃ NA NOITE DE LUA CHEIA
Não venha me dizer que isso é amor
Pois desse nunca li
Dispenso seu discurso pseudo-confortador
Prefiro suas patadas de javali
Que dizem mais de ti
Do que as cartas sujas e amarrotadas da vidente farsante à porta do metrô.
Não venhas insistir que isso é amor
Pois no final quem sempre sangra sou eu
De mim já não sou mais senhor
E a sorte já morreu
Não restando nem um camafeu
Ou a figa ordinária comprada numa banca decrépita certa vez num passeio à uma cidade ignorada do interior
Não tente explicar o que Freud deixou para depois
Minha cabeça não tem dutos que levem ao coração
Não aprendemos a lição a dois
Quem sabe não graduamos em solidão?
Prestaste atenção
No que disse a cigana que manipulava a bola de vidro fosco numa tenda velha à beira da avenida com sorriso de bruxa boa e ares de doutor?