São Paulo! Seja.
São Paulo, Seja!
Ouça São Paulo, o grito que ressoa nestes estribilhos,
Ecoados nos peitos agônicos dos homens máquinas,
Nos murmúrios, estridências subterrâneas dos trilhos,
Mãos estendidas nas feridas abertas em tuas esquinas.
Vai São Paulo, revela-te, abra-te as tuas dores
Respira o que vai além do infinito dos holofotes,
Deita-te à sombra das pétalas caídas das flores,
Encurta-te, faz-te arco-íris dos teus idos bosques.
São Paulo mata este minotauro, traduza teu labirinto,
Abraça a escuridão e arranca do céu todas as estrelas,
Enche tuas veias de prata, brilha, seja Pan, teu instinto.
Como faunos, siga tua sina de cantar, não ouças, falas!
Olha São Paulo, estas brisas do mar que escalam a serra,
Chegam ainda carregadas daquelas vozes da velha terra,
Escuta estas notas tingidas nas redondilhas de saudades,
Reage-te as moscas azuladas que te querem morta, cidade!
Não nos basta ser grande. Queremos- te viva, a garoar,
Que tua pele seja verde e que brote flor em cada janela,
Uma canção em cada boca, oxigênio em cada verso, ar.
Volta São Paulo, a ser sonho, poesia, ser vida entre elas.
São Paulo, seja!