Fruto

Sutilmente veio o verbo

esquizofrênico e mal visto,

de genética mal versada

figura exata em exacerbo,

forma lampejo de imprevisto.

Tombou no chiste do algoz,

dançou, tremeluziu, afinou, raiou!

Corta mares, tanta quimera,

prende corrente, desata nós

com a fineza de uma fera

virou pedra, saliva, pó...

enuviou os olhos do ente

tímido grão na mó do moinho

artefato, estilhaço, mente

abrigou-se qual cria no ninho

de penas, barro, pinceis

nas cordas viés do tempo

de meios mordazes vários

fez-se carne, semente, pão...

Nas rodas vivas gigantes

do órgão mais esquisito

o verbo mal dito sempre

feito joio em todo chão

amalgamando o ser da gente,

qual limo na mão do oleiro

emoldura-se nova história.

Grãos florescem trigais

para o versejador caminhante

o ancestral se faz instante

nas paragens, semeia rosas,

no peito, as linhas da vida

pensada viva matéria

escrita, sina, bendita

fez-se tema, culto, morada,

na pena do vate plantada

qual rebento de oliveira

nasce magistral canção!

Lucimar Oliveira
Enviado por Lucimar Oliveira em 12/07/2016
Reeditado em 27/08/2024
Código do texto: T5695542
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