Fruto
Sutilmente veio o verbo
esquizofrênico e mal visto,
de genética mal versada
figura exata em exacerbo,
forma lampejo de imprevisto.
Tombou no chiste do algoz,
dançou, tremeluziu, afinou, raiou!
Corta mares, tanta quimera,
prende corrente, desata nós
com a fineza de uma fera
virou pedra, saliva, pó...
enuviou os olhos do ente
tímido grão na mó do moinho
artefato, estilhaço, mente
abrigou-se qual cria no ninho
de penas, barro, pinceis
nas cordas viés do tempo
de meios mordazes vários
fez-se carne, semente, pão...
Nas rodas vivas gigantes
do órgão mais esquisito
o verbo mal dito sempre
feito joio em todo chão
amalgamando o ser da gente,
qual limo na mão do oleiro
emoldura-se nova história.
Grãos florescem trigais
para o versejador caminhante
o ancestral se faz instante
nas paragens, semeia rosas,
no peito, as linhas da vida
pensada viva matéria
escrita, sina, bendita
fez-se tema, culto, morada,
na pena do vate plantada
qual rebento de oliveira
nasce magistral canção!