ultimamente
tenho sido
minha própria antagonista,
minha própria doença,
meu próprio hospital.
tenho sido domesticada e alucinógena,
vivendo o tempo todo
entre o controle e o foda-se.
tenho dormido fora de mim,
falado pouco, ouvido muito e mesmo assim
tenho apenas encostado na superfície das pessoas.
tenho dormido em mim, acordado nas ruas e
se tenho insônia é porque olhei pela janela
e vi que há muita coisa além
do horizonte de brancuras.
tenho vivido em mim
como se meu corpo fosse concha
onde me enrolo e sangro diariamente
para sair na luz com um olhar mais ou menos normal,
um aspecto mais ou menos bonito,
um sorriso mais ou menos comum.
entre pessoas, cores e silêncios
tenho me matado um pouco todos os dias
pra conviver com a existência
de muitas coisas que não querem mais viver