A ORQUÍDEA E O GIRASSOL

À sombra de um arvoredo,

várias flores se orgulhavam

de suas formas, de suas cores,

do perfume que exalavam,

dos amores ruidosos

aos zumbidos das abelhas,

dos amores silenciosos

ao toque das borboletas,

das carícias maliciosas

provocadas pelo vento

e dos muitos segredinhos

escondidos entre as flores.

Abraçada a um tronco verde

uma orquídea vaidosa

do suave colorido

de suas pétalas macias,

disse, com desprezo, às flores

que conversavam alegres

no jardim ao pé do tronco.

“Enoja-me” ser chamada

de flor rara e fulgurante.

Minhas pétalas revel

à postura majestosa

da mais formosa rainha.

Sem receio, eu me proclamo

a soberana das flores.

Inclinai, pois, as cabeças

e rendei a mim, rainha,

as homenagens devidas.

Um girassol distraído

que estava seguindo o sol,

não obedeceu à orquídea,

que enraivecida exigia

que ele dobrasse o joelho

em sinal de vassalagem.

Não o farei, bela orquídea.

Superas todas as flores

em delicada beleza

mas não é justo que firas,

com arrogância e despeito,

as flores desse jardim.

Cada flor, por mais pequena,

por mais singela que seja,

encerra toda uma vida.

As pequeninas sementes,

lançadas em terra fértil,

nascem, crescem, viram flores

que matizarão os campos,

que enfeitarão nossos lares,

que expressão os anseios

de um amanteà sua amada,

que se unirão em buquê

nas mãos das noivas que casam,

que serão o último beijo

dado a quem partiu para sempre.

És bela, orquídea não nego

mas tua excelsa beleza

depende da seiva rica que te sustenta.

Longe dele não tens vida,

não és livre, és dependente.

Ser rainha é um dom divino

reservado àquela flor

que traduz em sua beleza

todos momentos da vida.

Não precisa ser tão bela,

exótica, refinada

como tu, formosa orquídea.

Basta que encerre em si mesma

a majestade serena

de quem, embora rainha,

não se esquece uma flor

e aceita com modéstia,

embora sendo rainha

servir e não ser servida.

Eu que giro pelo mundo

como escudeiro do sol,

juro ter visto uma flor

com os dotes necessários

para ser nossa rainha.

Tem o porte majestoso

de rainha consagrada,

tem as cores variadas

mas um único perfume

que enebria e que se seduz.

Sua beleza se revela

nas pétalas encurvadas,

como lábios entreabertos

à espera de um grande beijo.

Por isso é sempre beijada

antes de um gesto de amor.

Ela é a musa dos amores

puros ou pecaminosos.

Ela é a presença constante

nas horas tristes e alegres

que englobam toda uma vida.

Ela é a mensagem de paz

quando a discórdia se afasta.

Ela é a flor que aromatiza

e embeleza nossas vidas.

Ela é a rosa que partilha

sua majestade e beleza

com as flores do jardim.

Por ela eu dobro o joelho

em sinal de vassalagem.

Por ela inclino a cabeça

em homenagem sincera,

pois ela é minha rainha

e soberana das flores.

João Roberto
Enviado por João Roberto em 11/07/2016
Código do texto: T5694526
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.